As palavras tem poder?
- Daniel Correia
- 14 de set. de 2023
- 2 min de leitura
Ao nascermos recebemos um nome. João, Maria etc. É o primeiro passo para constituição do sujeito. Etapa primordial para o indivíduo. Ele é identificado e nomeado no mundo.
Sabemos que os nomes tem uma raiz, um significado. Por exemplo: Sofia quer dizer sabedoria; Aurora, nascer do sol. E assim por diante. O meu, Daniel, quer dizer – em hebraico - Deus é juiz ou juízo de Deus.
Por muito tempo acreditei que meu destino era ser juiz. Graduando em Direito e com o nome com este significado? Batata! Não teria como ser diferente.
No entanto, com o decorrer dos anos e durante a análise pessoal, fui percebendo que este não era meu desejo. De juiz a psicanalista. Olha só! Nada a ver. E não tinha nada a ver mesmo!
Por que digo isso? O nome e a palavra são muito fortes. Ao darmos nomes – seja ao que for – e dizermos determinadas palavras, tudo isso tem um peso enorme para o outro. Uma “palavrada” pode ser mortal. Imagine a fala de um líder religioso, de alguém numa posição de poder e destaque, de um professor, de um profissional da saúde etc, dizendo determinadas coisas, dando prognósticos, diagnósticos, destinos, sentenças etc. Neste sentido, uma falsa profecia (entenda isso num sentido amplo) pode se tornar realidade. Isso não é brincadeira.
Na análise pessoal o sujeito é levado a refletir sobre as palavras que diz e as que disseram para ele. E isso tem ENORME poder sobre o indivíduo, inclusive com relação ao seu futuro.
Por fim e enfim, termino com tais versos:
Meus pais deram-me o nome de Daniel
“Deus é juiz” é seu significado
Achei que, por ser amado e por destino, juiz eu iria ser
Juiz não pude ser
Juiz não queria ser
O que poderia, eu então, tornar a ser?
Ser-ia médico?
Ser-ia bombeiro?
Ser-ia professor?
Qual profissão exerceria com amor?
Decidi que meu caminho eu faria
Que meu desejo eu descobriria
Que meu destino eu desenharia
Foi então que em mim eu caí
Descobri o analista que mora dentro de mim
O Desejo finalmente veio fulgir
Calma, calma que essa vida de analista não é brincadeira não!
Escutar não é fácil, meu irmão
Rapadura é doce, mas não é mole não
Escutar é uma arte
Não é simples, mas faz parte
É um prazer que não se mede
Quando a vida mexe
E a escuta acontece.

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