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Em busca de sentido

  • Foto do escritor: Daniel Correia
    Daniel Correia
  • 6 de set. de 2024
  • 2 min de leitura

Recentemente, li o livro Em Busca de Sentido, de Viktor Frankl, psiquiatra judeu e sobrevivente dos campos de concentração — onde passou, ao todo, três anos preso. Nos campos, perdeu os pais e a esposa grávida durante esse período, e foi o criador da logoterapia. Achei muito interessante a história e as ideias do autor, especialmente a de que sempre há margem para escolha e decisão humana, por mais difícil que seja a situação. Para Frankl, a vida tem sentido e significado, mesmo em meio ao sofrimento e ao sacrifício.

 

A psicanálise, por outro lado, não trabalha com essas categorias de sentido e significado da existência. Na verdade, sob outra perspectiva, ela esvazia de sentido e significado os significantes (palavras) ditos pelo analisante. Além disso, a psicanálise lida com os desejos e impulsos inconscientes, sendo que o humano busca prazer o tempo todo, evitando o desprazer. Há um mal-estar na civilização e uma busca incessante pela felicidade.

 

No entanto, pensando com meus botões, cheguei a algumas breves conclusões.

 

Ok, a psicanálise não utiliza as premissas propostas pela logoterapia. Ela trabalha com algo chamado desejo. Assim, por mais complicada que a vida esteja, o desejo sempre será posto em cena. Por exemplo, quem tem filhos sabe que a vida ganha outro rumo e significado. Nessa esteira, é do meu desejo que meu filho esteja bem; por isso, lutarei para que isso aconteça. Quero ter saúde e tempo de vida para ficar mais tempo com ele. Minha existência adquiriu novos contornos, sentidos e significados. É do meu desejo que assim seja.

 

Portanto, se alguém está amando (lembrando que, para Freud, o ser humano saudável é aquele que ama e trabalha) e investindo no seu desejo, naturalmente, a vida ganha novos sentidos e significados. Quem sustenta e se reconcilia com seu desejo, de forma indireta, acaba mais ou menos numa perspectiva semelhante à de Frankl. Claro que são ideias bem diferentes e até antagônicas, mas há uma certa interlocução, se pararmos para refletirmos um pouco.

 

Para concluir, embora eu tenha adotado outra perspectiva teórica (a psicanálise trabalha com desejos e dinâmicas inconscientes, não negando, é claro, que a vida possui sentido), reconheço o valor das ideias de Viktor Frankl. Ele sofreu muito, mas, ainda assim, conseguiu extrair sentido e significado da vida. Se há alguém que merece lugar de fala nesse assunto, esse alguém é ele. Que possamos reconhecer as contribuições desse teórico, sabendo que, pelo menos na minha perspectiva, quem investe e sustenta o seu desejo (na linguagem psicanalítica) também atribui, de forma indireta, sentido e significado à sua vida.




 
 
 

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